A minha adolescência esta em conflito com a minha juventude. Uma grita descanso, saídas, guitarras, fotografia, arte, musica, estilo, revistas. À outra exigem.lhe testes, mini-testes, responsabilidades, comida e cama feita e conhecimento de engenharia. Uma suplica por vinis, por Pessoa, por pessoas, por tardes de piscina, por risos e por relvas verdes enquanto a outra preocupa-se com problemas mundanos. Ate que ponto temos de nos desconectar de uma fase para passarmos a outra? O facto da vida mudar e evoluir implica obrigatoriamente o esquecimento de valores e sonhos ingenuos? Aos 18 apercebo-me que talvez não vá mudar o mundo nem ser ícone como outros foram para mim. Impoem-se dois caminhos tão divergentes que apetece retroceder à infância e decidir fazer birra. Tenho saudade do Portugues, dos livros, das aventuras, das jornadas na noite, da maneira sonhadora e intensa de pensar, dos horarios desimpostos de estudo e das notas faceis, das paixoes, das maos dadas, dos beijos, das inconfidencias.. Tenho saudades das cançoes que nao aprendi, das fotografias que ainda nao tirei nem tirarei. Tenho saudades do meu punk, do meu grunge e do meu indie, do meu estilo e da minha musica. Tenho ate saudades das minhas mimalheiras dos 14 anos, das paixões platónicas por pessoas que nunca conheceria na vida, das timidezes e mesmo das infantilidades de tudo e da minha (des)odiada cidade. Tenho saudades de acreditar que um dia estudaria arte e cinema, psicologia e literatura e que viajaria eternamente pelo mundo, de mão dada a um ocasional amig@. Tenho tantas saudades de acreditar nisto tudo, de acreditar na musica e na revolução adolescente. A ultrapassagem do sindrome Peter Pan obriga ao esquecimento dos ideiais anteriores?