março 23, 2009

STARÁLFUR

Publicada por S. Às 10:22 da tarde
Pela janela aberta entram fios de vento que me afagam a mão que se vai dobrando para melhor enrolar as letras que surgem com a lágrima que escorre lentamente pelos rios da face e que dá corpo ao pensamento que se perde lentamente nesta madrugada feita dia. Torno a ouvir o som que baila dentro de mim como se fosse um pano que baila no ar até cair sem fazer barulho. Assim, silente como se pluma fosse. Vejo no espelho o reflexo de um sorriso que nunca pensei existir dentro de mim, procuro nos dicionários a palavra certa para o descrever. Caem nuvens de ar sobre mim: falham as palavras e as vírgulas para me explicar, pois que estas foram feitas para escrever o azul do céu que todos vemos, mas nunca ninguém ousou sonhar que fosse possível encontrar um azul assim. Existe. Eu vi-o.

Em cada esquina tropeço em banalidade, em cada segundo salto por cima do rotineiro. Nem sempre se vai mantendo olho aberto para o que vemos diante de nós. Nem sempre se pára o segundo necessário para aquilatar os contornos do que desfila discretamente pelas ruas povoadas por segredos humanos. Sim, nem sempre se pára para ver aquilo que desfila como se fosse folha feita de outono a bailar no chão limpo pela chuva que chora para purificar todos os que decidem voltar a nascer. E olho sem parar para fora desta janela que tenho sobre a minha cabeça, olho para ver se encontro a razão deste meu espanto que me inflamou com claridade o sono previsto. Olho para ver quem tu és. Vejo uma estrela cadente que quero que dure sempre. Sempre.




1 Cenas:

Anónimo disse...

Eu tenho esse texto! :p

Quando é que tenho direito a ler mais coisas dessas?

 

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